A 8ª pior do mundo e a 3ª do Brasil. Essa é a posição do Recife no ranking das cidades que têm o pior trânsito

Antônio Assis
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Rio de Janeiro foi a pior das cidades brasileiras. Obras de mobilidade atrasadas colaboram para o cenário caótico

Roberta Soares
JC Online

Três capitais brasileiras aparecem na lista das dez cidades do mundo que mais sofrem com trânsito. Um levantamento da empresa TomTom, que faz o mapeamento por GPS, divulgado nesta terça-feira (22/3), aponta que, no ranking mundial, o Rio de Janeiro é a quarta cidade onde os motoristas perdem mais tempo em vias congestionadas, depois de Cidade do México, Bangcoc e Istambul, nessa ordem. O Recife aparece na 8º posição do ranking mundial e na 3ª do nacional. Entre os Estados do Nordeste, a situação da capital pernambucana só não é pior do que Salvador (BA), considerada a 7ª pior do mundo e a 2ª pior do Brasil. Os dados são de 2015.

Por ano, os motoristas do Rio gastam 165 horas da vida em congestionamentos – 66 horas a mais na comparação com 2014 -, o que equivale a ficar mais de seis dias inteiros no trânsito. Na segunda colocada do ranking de cidades brasileiras, Salvador, cada motorista gasta 160 horas extras nos trajetos – 67 horas a mais em relação a 2014. O recifense tem perdido o mesmo tempo que os moradores de Salvador.

O cenário, aliás, não é bom para ninguém. Em São Paulo, só no congestionamento, os condutores perdem por ano 103 horas no trânsito, ante 77 horas em 2014. O tempo extra gasto nos trajetos, entre 2014 e o ano passado, aumentou em 26 horas. Isso significa dizer que os paulistanos passaram a perder mais de um dia em congestionamentos.

O relatório da TomTom tem como base o Índice de Nível de Congestionamento, que é o tempo adicional (em porcentual) que o motorista levará no trânsito em comparação com uma situação em que não há congestionamento. Utilizando dados de 2015, o TomTom Traffic Index 2016 avalia a situação do congestionamento de trânsito em 295 cidades de 38 países em seis continentes. Esta é a quinta edição do relatório.

Segundo Marcelo Fernandes, diretor de Operações da TomTom para América Latina, a medição aplicada na pesquisa não considera o tamanho dos congestionamentos. É uma comparação entre o tempo que um motorista leva para percorrer o mesmo trajeto em horários de pico e em situações sem congestionamento (das 22 horas às 5 horas). O resultado é o tempo adicional que o condutor leva no trânsito.Avenida Agamenon Magalhães, com certeza, colaborou para o posicionamento do Recife na pesquisa. Foto: JC Imagem

“O primeiro passo das cidades é entender por que esse tipo de trânsito é gerado em determinados lugares e, depois, fazer um planejamento urbanístico. Investimento em transporte público é um grande mantra nesse tipo de discussão, desde oferecer mais corredores até informar os horários em que os ônibus passam”, disse Fernandes.

De acordo com o diretor da TomTom, as administrações municipais precisam oferecer à população uma alternativa viária para deixar o carro na garagem. “Fazer com que o transporte seja previsível, por exemplo. Não adianta ter transporte público se você não sabe a hora que o ônibus chega”, explicou.

Para Creso de Franco Peixoto, professor de Transportes da Fundação Educacional Inaciana (FEI), a principal razão para o aumento de horas extras do paulistano no trânsito é a baixa adesão da população às mudanças de mobilidade dos últimos dois anos. “Com o menor número de faixas de tráfego nas vias urbanas para carros, em função da perda de espaço para a passagem de bicicletas e ônibus, o volume de congestionamento ficou maior”, afirmou.

Abaixo, a lista das capitais brasileiras com os piores congestionamentos. O porcentual equivale ao tempo extra gasto no trânsito, ou seja, o carioca perde quase metade do tempo que está no trânsito em congestionamentos e retenções. O recifense e o soteropolitano perdem 43%. São Paulo, com sua magnitude de habitantes, frota veicular e sistema viário, vem lá atrás, com 29% do tempo extra gasto no trânsito. Aumentou em relação a 2014, mas pode ser um sinal de que as ações de engenharia de tráfego são mais eficientes por lá.

Confira:

1. Rio de Janeiro: 47%

2. Salvador: 43%

3. Recife: 43%

4. Fortaleza: 33%

5. São Paulo: 29%

6. Belo Horizonte: 27%

7. Porto Alegre: 22%

8. Brasília: 19%

9. Curitiba: 18%



CTTU LEMBRA QUE AÇÕES FORAM FEITAS NO RECIFE
Confira a nota na íntegra:

“A Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) informa que realiza um trabalho diário e intenso de monitoramento e operação de trânsito com o intuito de identificar os pontos de retenções nas vias da cidade, criar soluções para a melhoria da mobilidade de todo o Recife e diminuir o número de acidentes, inclusive os com vítima. Todas as ações refletem positivamente na melhoria gradual da mobilidade do recife, o que é identificado na pesquisa utilizada pela reportagem, que aponta uma diminuição do congestionamento na cidade em relação a última pesquisa, em 2014.

Além dos 430 agentes de trânsito, que atuam fiscalizando e monitorando as vias, a CTTU dispõe de 348 orientadores de trânsito, auxiliando o tráfego em 17 principais corredores da cidade. Junto a estes profissionais, existe a Operação Cone, com o objetivo de disciplinar o trânsito e promover uma melhor fluidez nas vias através da colocação de cones, que evitam a formação de filas duplas, em 30 pontos da cidade.

O transporte coletivo de passageiros também se beneficiou com as ações da CTTU. Já foram implantados 29.1 quilômetros de corredor exclusivo de ônibus (Faixa Azul), beneficiando os corredores da Avenida Mascarenhas de Moraes, Avenida Domingos Ferreira, Avenida Conselheiro Aguiar, Rua Cosme Viana e Rua Real da Torre. A ação beneficia, diariamente, 500 mil pessoas. As faixas Azuis garantiram um aumento de até 118% na velocidade média, como aconteceu na Avenida Herculano Bandeira após a implantação da faixa e da fiscalização eletrônica. A velocidade passou de 11.5km/h para 24.1km/h. Já na Faixa Azul da Mascarenhas de Morais e na Rua Cosme Viana, houve um aumento de velocidade de 66,6% e 38%, respectivamente.

Importantes corredores viários da cidade também ganharam câmeras de monitoramento. Hoje, são 112 equipamentos, ligados a uma Central de Monitoramento de Trânsito, que funciona 24h, identificando retenções e outras interferências nas vias, como acidentes e protestos, e enviando viaturas ao local com mais agilidade.

Também houve a requalificação da sinalização viária, com cerca de 4 mil faixas de pedestres novas, além de 6 mil placas de sinalização vertical. Para manter a rede semafórica da cidade sempre em funcionamento, a CTTU instalou 451 semáforos equipados com equipamentos nobreaks, que dá funcionamento de 4h a 6h ao dispositivo, em caso de falta de energia.

É importante destacar ainda que, desde o início da gestão, foram implantadas 75 mudanças no trânsito, entre binários e proibições de giros, disciplinando o trânsito e melhorando a fluidez das vias de forma eficaz e sem a necessidade de obras.

Também foi investido em diversidade de modais, com a prospecção de 12 rotas cicláveis, em consonância com o Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana (PDC/RMR). Até o momento, seis novas rotas cicláveis já foram implantadas, na Avenida Arquiteto Luiz Nunes, com 3.5 km, na Rua Marquês de Abrantes, com 1.9 km e na Antônio Curado, com 3.2 km, na Inácio Monteiro, com 1.1 km, na Antônio Falcão, com 1.7 km, na Via Mangue com 4 km e na Jardim Beira Rio, com 850 metros”.

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