Cartaz ajuda mulher a obter emprego

Antônio Assis
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Anna Tenório
Folha de Pernambuco

Segurando um cartaz e caminhando pelas avenidas mais movimentadas da Cidade, Maria das Dores, a irmã Dora, implorava por um trabalho. A mulher passou um dia inteiro caminhando da avenida Agamenon Magalhães até Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Na cartolina azul estava escrito: “Eu preciso de um emprego urgente. Tenho cinco crianças para criar - Irmã Dora”. 

Mãe de cinco filhos e com o marido adoentado, precisava dar um jeito para sustentar a casa. “Foi um momento de desespero. Comecei a andar de manhã e fiquei até as 15h. Estava já cansada e morrendo de fome. Saí de casa e meus filhos todos pedindo para que eu não fosse, porque poderia ser perigoso”. Mas o cartaz surtiu o efeito esperado. Em uma semana, ela recebeu vários chamados para entrevistas. Foi contratada sexta-feira (22) pelo restaurante Maotai, que fica no Shopping Tacaruna.

Um supervisor do restaurante viu a mulher na rua e ligou convidando-a para uma entrevista. Às 13h30, ela já estava sentada na praça de alimentação esperando para ser chamada. A entrevista teve início às 14h40. Ao término da conversa, que durou 20 minutos, das Dores estava aos prantos. Emocionada, agradeceu à supervisora que conduziu a entrevista e abriu um sorriso de esperança ao receber os papéis indicando onde faria os exames admissionais. 

A vaga conquistada é de auxiliar de serviços gerais no restaurante. “Esse emprego vai me ajudar de um jeito… Tudo vai melhorar agora. Vou trabalhar e ter um salário”, comemorou. Morando em um barraco em Cruz de Rebouças, município de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, além da preocupação em colocar a comida na mesa, a mulher também precisava dar um jeito para pagar a casa que moram. 

“Primeiro, porque eu não tinha comida em casa e, segundo, porque nós dois estamos para perder o nosso barraco. Estamos com tantas dívidas que pensamos em vender o barraco para pagar o terreno. Mas e depois disso, para onde a gente iria?”, questionou. Com o marido desempregado e sofrendo de problemas na coluna, toda a renda da casa vinha dos bicos de pedreiro que ele eventualmente conseguia fazer. 

Das Dores parou de estudar ainda na oitava série porque precisava trabalhar para ajudar em casa. Casou-se jovem e teve três filhos. Com o marido alcoólatra e passando fome, ela saiu da casa onde morava, em Carne de Vaca, Goiana, na Zona da Mata Norte do Estado, e veio sozinha com as crianças para morar em Igarassu. Há 14 anos casou-se novamente e teve mais dois filhos. Estão juntos desde então.

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