Cenários reais só após Lava Jato - Magno Martins

Antônio Assis
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Desde sábado, quando fiz a primeira abordagem das dificuldades do governador Paulo Câmara (PSB) para emplacar a reeleição, pinço retalhos sobre 2018, eleição que já começa a entrar na pauta de discussão a partir de março quando não se ouvir mais os acordes do Carnaval. A folia deste ano começa mais tarde, já quando fevereiro se despede, dando uma forte sensação de que ninguém ainda caiu na real.

Qualquer cenário agora seria algo muito precoce. Em política, como ensinou Marco Maciel, um dia pode ser uma eternidade tamanha a sua dinâmica própria. Por isso, não dá para falar de 2018 sem saber o tamanho do rastro que a operação Lava Jato deixará no Estado. Pelo que já foi noticiado, o apocalipse pode bater a porta de muita gente com a delação do fim do mundo. Tanto para o fogo ardente que sairá da boca do pai quanto do filho – Emilio e Marcelo Odebrecht.

Quem escapará? Não tenho bola de cristal, porque o universo é tão extenso que não dá, aparentemente, para a vista alcançar. Afinal, fala-se de 200 políticos graúdos envolvidos. Da província de Pernambuco, na superplanilha do juiz Sérgio Moro, a lista é extensa: pega lideranças do PSB, PT, PTB, PPS, PSDB, DEM, PMDB, enfim, não escapa quase ninguém. Há de se fazer uma diferença entre os que receberam dinheiro de empreiteira oficialmente, declarado à justiça eleitoral, e os que embolsaram via caixa dois.

Muitos acusados já mostraram que não têm culpa no cartório, apresentando os respectivos valores nas suas prestações de contas. No caso do governador Paulo Câmara (PSB), personagem central de 2018, a última notícia sobre o assunto, em novembro passado, trata de uma investigação pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A notícia, destacada nacionalmente, citou também o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, por supostas irregularidades e superfaturamentos feitos na Arena Pernambuco, construída pela empreiteira Odebrecht.

Um despacho sigiloso do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitou ao ministro Teori Zavascki, do STF, para manter no Supremo um inquérito único sobre Paulo Câmara, Geraldo Júlio, o senador Fernando Bezerra e o deputado Tadeu Alencar. O caso é proveniente da Operação Fairplay, deflagrada pela Polícia Federal de Pernambuco, mas tratado no STF como mais um desdobramento da Lava Jato.

Câmara tem foro privilegiado no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), mas como há o envolvimento de senador e deputado federal, Janot pediu que todos fossem investigados. Ainda segundo as informações, Paulo Câmara teria recebido R$ 200 mil da Odebrecht para sua campanha a governador em 2014. Fernando Bezerra R$ 50 mil da Odebrecht e R$ 50 mil da Projetec, e Tadeu Alencar, R$ 30 mil de cada uma das duas.

A justiça brasileira é lenta e não se sabe se este caso especificamente terá desdobramento até as eleições. Há quem diga, entretanto, que andará com maior velocidade este ano, para que até as eleições tudo tenha sido verdadeiramente passado a limpo. O governador disse estar tranquilo. Segundo ele, a Arena foi entregue em junho de 2013 e custou R$ 479.000.000,00 (base maio de 2009), tendo apenas 75% da sua construção sido financiada pelo BNDES e sendo a mais barata entre as arenas construídas no Brasil, levando em conta a capacidade instalada. 

“Não houve superfaturamento. O percentual do terreno da Cidade da Copa foi validado pela Fundação Getúlio Vargas, não tendo sido questionado pelo Tribunal de Contas da União e do Estado. O terreno não foi entregue à Concessionária, continuando no patrimônio do Estado de Pernambuco”, afirmou, em nota divulgada na época.

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