Pároco de Tamandaré faz desabafo sobre situação de violência no município e região

Antônio Assis
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Blog da Folha

O aumento da violência no Estado não é novidade para o pernambucano. Mas a situação chegou a um nível em Tamandaré, no litoral Sul, que levou o pároco da Igreja do município a fazer um apelo. Em um áudio enviado pelo Whatsapp, o padre Arlindo faz críticas aos altos índices de criminalidade da região e afirma que as autoridades oficiais são "cargos políticos para manter o sistema". A divulgação do apelo do religioso ocorre em um ambiente de mudança dentro da Secretaria de Defesa Social (SDS), com a mudança do titular da pasta.

No áudio, o pároco relata uma conversa com um coronel, no quartel, sobre a violência na região. Na ocasião, segundo o padre, ele teria sido orientado "a não falar que a violência está grande em Tamandaré". 

"É uma grande safadeza porque esses cargos de coronéis é um cargo político para sustentar o sistema. E o próprio coronel olhar para um padre e dizer 'não fale a verdade, fique calado para não espantar os veranistas'", dispara o religioso, que criticou, ainda a "estrutura virtual" à disposição da população para fazer boletins de ocorrência. "É uma hipocrisia. O sistema horroroso e essa estrutura, me perdoe a sinceridade, essa revolta. Coronéis com cargos puramente políticos para poder manter o sistema, onde a gente continua morrendo sendo baleado e o cidadão sem fazer absolutamente nada, com uma delegacia virtual. É pra lascar”, continua.

Padre Arlindo afirma que a violência na região vem aumentando há uns dois anos e que já foram feitas passeatas pedindo segurança. 

Ao falar com o Blog sobre a situação em Tamandaré, o padre revelou: "Eu celebrei missa hoje às 7 horas da manhã. Nesse exato momento estava morrendo mais uma pessoa aqui em Tamandaré. E a única coisa que eu posso fazer é gritar pra ver ser sou ouvido. Como um padre, a minha única força é a minha voz. E as lágrimas de impotência, mas eu não vou calar. Vivemos aqui na nossa região completamente esquecidos, esperando aparecer em números, esperando mortes acontecerem mais, como aconteceu hoje de manhã. Para que um dia a gente consiga ser visto". 

Ele também criticou a condução política da segurança pública: "Todos nós sabemos que se você conhece alguém com influência, um cargo politico, uma posição que tem um destaque, um pedido a pessoa sai de tenente para capitão. Outro pedido sai de capitão para major. Pessoas extremamente competentes sofrem, passam anos para poder ser promovidas. Porque não têm peixe. Não têm conhecimento. Quem pode falar? Quem dos nossos oficiais pode falar estando lá no poder, na autoridade? E dizer que a segurança está um caos. Eu posso falar. Eu posso falar, aqui no Interior, em Tamandaré está um caos, está morrendo gente e hoje morreu mais um para estatística".

O padre explicou que o desabafo não é só questão de turismo. O pároco afirmou que não queria se sentir culpado por não ter dito a verdade. "Minha denúncia é que as autoridades, quando a pessoa chega a coronel, e esses cargos são cargos políticos. São cargos políticos, eles não podem falar, eles têm que manter o sistema. São cargos políticos do governador, cargos de confiança e o coronel olhou para mim e disse que o governador estava fazendo um excelente trabalho com a segurança pública. E ele tem que falar isso, não pode falar diferente, porque é um cargo politico do governador", finalizou.

Outro lado
Por meio de nota, a Polícia Militar de Pernambuco (PM-PE) afirmou que, na semana passada, o pároco foi recebido pelo comandante e pelo subcomandante da corporação e, na ocasião, foram acertadas providências a serem todas, como a troca de viaturas e a realização de um novo encontro para serem tratadas estratégias que possam melhorar o policiamento ostensivo no município.

Confira, abaixo, a íntegra da nota:

A Polícia Militar de Pernambuco entende a preocupação do padre de Tamandaré com a segurança dos moradores da cidade, tanto que ele, na companhia de outras autoridades da cidade, foi recebido pelo comandante e pelo subcomandante da corporação, na última semana. Na oportunidade, a comitiva pode externar suas reivindicações e foram acertadas providências a serem tomadas, como a troca de viaturas à disposição do policiamento local, e também a realização de um novo encontro, desta vez com policiais diretamente ligados ao município, para serem traçadas estratégias que possam melhorar o policiamento ostensivo no município.

Sobre as colocações do religioso quanto às promoções na corporação, respeitamos a opinião do padre, assim como a de todo cidadão, mas é importante esclarecer que a promoção dentro da corporação se dá por tempo de serviço e merecimento. De 2015 para cá, foi realizada a maior promoção da história da PMPE, com 4.537 promoções de Praças e 265 de Oficiais da PM, além de 931 promoções de Praças e 53 de Oficiais do Corpo de Bombeiros Militar.

Assessoria de Comunicação da Polícia Militar de Pernambuco

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